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Mais de 30% de crianças estão envolvidas em gangues no Haiti

Relatórios do UNICEF confirmam que até 50% das crianças haitianas estão envolvidas com gangues.

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Crianças no Haiti (Foto: Reprodução/Facebook)

A crise humanitária no Haiti atinge níveis alarmantes, com a violência das gangues devastando comunidades inteiras, e crianças e famílias sendo constantemente deslocadas e submetidas a condições extremas. A organização cristã Trans World Radio (TWR), atuante no país, revelou a gravidade da situação por meio de um voluntário, identificado como Obed*, que destacou a impunidade das gangues, cuja presença cresce à medida que autoridades falham em conter a expansão criminosa.

O bairro de Solino, em Porto Príncipe, está agora sob domínio da coalizão de gangues Viv Ansamn, enquanto outras áreas, como Arcahaie, L’Estère e Leogane, enfrentam ameaças de invasão iminente. Obed relatou o recente sequestro de um pastor ligado à TWR, liberado recentemente, e expôs o trauma das famílias em constante fuga. Em resposta, TWR tem oferecido abrigo seguro e relocação para algumas vítimas.

Relatórios do UNICEF confirmam que até 50% das crianças haitianas estão envolvidas com gangues, sendo forçadas a realizar tarefas perigosas, como espionagem, serviços domésticos e até escravidão sexual. O impacto nas crianças é devastador: além de expostas a abusos, são frequentemente cooptadas por grupos armados devido à falta de apoio familiar e à alta vulnerabilidade causada pela violência generalizada e pela ausência de infraestrutura educacional e de saúde.

Catherine Russell, diretora executiva do UNICEF, destacou ao Conselho de Segurança da ONU a severidade da crise, citando mais de 3.600 mortes em 2024 e o aumento dos incidentes de violência sexual contra mulheres e crianças. Segundo ela, aproximadamente 5,5 milhões de haitianos, incluindo três milhões de crianças, precisam de ajuda humanitária, com 700 mil deslocados internamente.

Russell destacou que a crise está privando as crianças do direito à educação, com mais de 300 mil estudantes afetados por escolas fechadas ou destruídas. A situação é ainda agravada pela insegurança alimentar, que atinge metade da população, e pela violência que impede o trabalho das organizações humanitárias em alcançar os necessitados.

A resposta internacional inclui o envio de tropas do Quênia para auxiliar na segurança, embora a eficácia dessa intervenção seja questionada. A diretora da UNICEF enfatizou a necessidade urgente de expandir a assistência humanitária no país, incluindo áreas controladas por grupos armados, e ressaltou o compromisso dos agentes humanitários em prestar socorro apesar dos crescentes desafios.

*Nome alterado por motivo de segurança.

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